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terça-feira, 31 de agosto de 2021

Cabelo curto ainda é tabu, mas deverá crescer em popularidade



Pesquisa realizada pela plataforma de conteúdo Tudo pra Cabelo, da Unilever, via Instagram, revelou dados interessantes sobre o que as mulheres acham dos cortes de cabelo mais curtos. Os resultados são, em alguns pontos, inusitados. 45% das entrevistadas responderam que, atualmente, estão com o cabelo curto ou querem aderir ao corte. Sobre os estilos favoritos, 37% gostam do repicado/shaggy, enquanto 34% acham o clássico chanel bem interessante. O pixie, modelo mais rente à cabeça, ficou em terceiro lugar na preferência, com 18%. O curto com franja veio na sequência, com 11% dos votos.

Para 32% das mulheres que participaram da enquete, entretanto, existe a vontade de cortar o cabelo acima da altura dos ombros, só que elas acabam desistindo da ideia por achar que outras pessoas podem julgá-las pelo novo estilo. Tal receio tem raízes sociológicas:

“Ao longo da história ocidental, mulheres com mechas mais curtas foram associadas (erroneamente) ao que a sociedade da época não aceitava bem, como pessoas de classe menos abastadas, com pouca saúde ou rebeldes demais para casar e ser submissa ao marido. Essa herança do machismo lá do passado acaba persistindo até hoje em forma de críticas sobre os cabelos curtos das mulheres. Na década de 1920, entretanto, as ‘influenciadoras’ da época, como cantoras e atrizes, resolveram usar os cabelos curtos como símbolo de emancipação, força e estilo. Isso fez com que tais penteados passassem a ser sinônimo de atitude e descontração”, diz Paula Roschel, autora do livro “#Sororidade - quando a mulher ajuda a mulher”.

Recentemente, durante as Olimpíadas de Tóquio, a discussão voltou à tona com uma série de críticas recebidas pela arqueira sul-coreana An San, adepta do corte bem curto. Todavia, junto com as críticas via rede social, também surgiu uma imensa onda de apoio de outras atletas e público em geral. “O que aconteceu de ruim com An San teve como efeito rebote uma importantíssima onda de sororidade, na qual mulheres levantaram suas vozes para falar que ela pode ser o que quiser, assim como todas as outras mulheres”, completa Paula.

Além do statement que o cabelo curto traz, como a ruptura de padrões antigos, o estilo também vem se popularizando entre as mulheres por sua versatilidade. A enquete detectou que para 48% das respondentes o cabelo curto significa praticidade e, para 25%, liberdade.

“Cabelo curto é mais do que uma questão estética. É bem-estar. Muitas mulheres se sentem bem com os fios curtos e outras gostariam de aderir, mas não têm coragem. A verdade precisa ser uma só: se estamos bem com nós mesmas, não importa o julgamento das pessoas.” diz Maria Clarice Gaudencio Sobrinho, psicóloga de São Paulo.