O caminho a percorrer para a conquista do primeiro emprego não é fácil. A principal porta de entrada, principalmente para os jovens de baixa renda, é a educação profissional. Missão que o Programa Formare, da Fundação Iochpe, vem realizando há mais de 30 anos, com a oferta de cursos profissionalizantes gratuitos voltados para preparar os novos profissionais. A abordagem pedagógica é orientada pelo desenvolvimento de competências para o trabalho e para o exercício da cidadania.
Em maio, o Programa comemorou o número total de 22.500 jovens alunos de baixa renda formados. Para Cláudio Anjos, diretor-executivo da Fundação Iochpe, a formação profissional é a oportunidade dos jovens brasileiros ingressarem no mercado de trabalho e continuarem estudando para desenvolver uma carreira profissional de sucesso. "Hoje mais de 80% de todos os alunos formados entram no mercado de trabalho, graças aos cursos e às 46 empresas parceiras, presentes em 14 Estados e em mais de 47 municípios, que contratam e apostam na qualificação do Formare. O impacto social, cultural e econômico é extremamente positivo para esses jovens, suas famílias e para a geração de novos profissionais para o país", destaca Anjos.
Em 2018, o Formare comprovou a dimensão do seu impacto por meio de pesquisa com os ex-alunos de baixa renda que passaram pela formação profissional do Programa. O estudo aponta que os alunos conquistam maiores salários e têm uma presença mais ampla no mercado de trabalho formal e no ensino superior do que jovens brasileiros em condições parecidas, identificados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad-IBGE).
O estudo recente, intitulado "Trajetória e impacto do Formare na vida profissional dos ex-alunos", feito pela consultoria Plano CDE sob encomenda da Fundação Iochpe, mostra que egressos do Programa Formare de 20 a 22 anos têm salário médio de R$ 1,6 mil, 23% maior que o ganho médio (R$ 1,3 mil) da mostra comparativa do público com o mesmo perfil socioeconômico da Pnad de julho de 2018. A comparação da taxa de ocupação formal dos dois grupos revela que 60,4% dos ex-alunos do Formare têm carteira assinada, enquanto apenas 38,9% dos outros jovens estão trabalhando formalmente. Na educação, 62,5% dos ex-Formare seguiram estudando e se matricularam em cursos superiores contra um índice de 16,3% da amostra registrada pela Pnad.
"Um curso como o Formare, que promove o contato direto dos jovens com o mundo do trabalho, traz uma experiência profissional rara nessa faixa etária, algo que a escola não proporciona, e dá aos jovens grande estímulo à continuidade dos estudos, seja no ensino superior ou técnico", avalia o economista Rafael Camelo, diretor de avaliação e planejamento da consultoria Plano CDE.
A despeito do elevado desemprego da população brasileira jovem, bem acima da média nacional, o Formare tem efeitos sobre a taxa de ocupação formal dos jovens, que têm 2 vezes mais chances de estarem trabalhando formalizados após a conclusão do curso. No aspecto educacional, mais de 60% dos ex-alunos do Formare seguiram estudando ao fim do projeto social. A maior parte deles (77,4%) cursa uma graduação, enquanto 17,5% fazem curso técnico. Dos 36,9% que não estão estudando, 19% já obtiveram o diploma de ensino superior e 34% concluíram curso técnico.
Gisa Fernandes: do primeiro emprego à carreira de engenheira
Gisa Fernandes começou sua trajetória profissional na Iochpe Maxion, multinacional brasileira do setor de autopeças que já formou 900 jovens pelo Formare, desde 1996. Durante esses 22 anos, o Programa foi a porta de entrada para uma carreira de sucesso para diversos jovens profissionais. Um dos exemplos é Gisa Fernandes, que participou do Curso de Mecânico de Montagem de Produtos oferecido pelo Programa Formare na empresa Maxion - Cruzeiro (SP), em 2000.
"Antes do Formare eu não tinha expectativa nenhuma de profissão ou emprego, não acreditava e nem sabia do potencial que eu tinha. Ao ingressar no Programa, com ajuda e orientação dos meus educadores, pude abrir meus horizontes e descobrir tudo o que eu era capaz de fazer".
Desde então, Gisa foi contratada, passou por diversas áreas da empresa e, hoje, é Engenheira de Melhoria Contínua. A experiência com o Formare foi tão marcante na sua vida, que hoje tornou-se educadora voluntária, ensinando Inglês Básico para os novos alunos do Programa na Maxion e, ainda, realiza palestras para jovens e adolescentes de outras instituições da cidade.
Everton Alves: de aluno do Formare à Sócio-Diretor de Operações e Vendas
Everton Alves foi aluno do programa Formare em 1999, na quarta turma da unidade de Contagem (MG) da Maxion. Com 17 anos, já sabia que queria seguir carreira na área de análise de sistemas. Para ter a chance do primeiro emprego, aproveitou a oportunidade de estar em um curso de qualificação profissional para iniciar sua trajetória.
Cerca de dez anos depois de sair do Formare, Everton voltou à Maxion como educador voluntário das disciplinas de Informática e Raciocínio Lógico. "Eu era o único educador que não era funcionário da empresa, ia uma vez por semana dar aulas. Fiz isso por dois anos. Eu queria levar outra visão de mundo aos jovens do Formare, de uma pessoa que passou pelo que eles estavam passando, que entendia os questionamentos deles", comenta.
Desde então, sua carreira profissional continuou em ascensão. Em 2009, começou a trabalhar na Samba Tech, empresa de tecnologia de informação, como gerente de projetos. Três anos depois, assumiu a área de operações e logo em seguida foi promovido a diretor de Operações. Em 2014 tornou-se sócio-diretor de Operações e Vendas, cargo que ocupa atualmente.
:: Sobre o Formare
O Formare é um programa social desenvolvido pela Fundação Iochpe em parceria com empresas de médio e grande portes para a oferta de cursos de formação inicial profissional a adolescentes e jovens de baixa renda.
Os cursos são realizados em período integral, no contraturno escolar dos alunos, dentro das empresas, com aulas teóricas e práticas ministradas por funcionários capacitados para atuar como educadores voluntários. A empresa é transformada em um ambiente de aprendizagem e de qualificação profissional; os profissionais se tornam professores voluntários.
A capacitação dos funcionários e os cursos, com carga horária mínima de 800 horas, são desenvolvidos pela equipe pedagógica da Fundação Iochpe conforme características e demandas de cada empresa e a realidade do mercado de trabalho local. A certificação do Formare é chancelada pelo Ministério da Educação (MEC).
Mais informações: http://fiochpe.org.br/
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