O ultrassom é um
dos exames mais solicitados durante o pré-natal para acompanhar as condições de
saúde da mãe e do bebê. Ao compreender os princípios físicos dessa tecnologia
que se baseia em ondas sonoras com frequência superior àquela que nós, humanos,
somos capazes de ouvir, o ultrassonografista está apto a otimizar a qualidade da
imagem, contribuindo para um diagnóstico de alta qualidade e precisão.
De acordo com o
doutor Victor Bunduki, especialista em medicina fetal
e ultrassonografia do CDB
Premium,
em São Paulo, apesar de
aparentemente simples, o exame ainda gera muitas dúvidas entre as futuras
mamães. O médico responde às dez principais perguntas sobre ultrassom na
gravidez:
1.
O
ultrassom é um exame seguro? – “Sim, é um exame
isento de contraindicações tanto para a mãe quanto para o feto. No caso do
ultrassom com dopplerfluxometria colorida, que analisa o fluxo sanguíneo
em diferentes vasos do corpo humano, recomendamos que seja realizado somente
após a 9ª semana de gestação, para maior segurança”.
2.
É verdade que o
feto ouve o som emitido pelo equipamento? – “Não. No
ultrassom, lidamos com mais de três milhões de hertz, enquanto o ouvido humano
escuta até dois mil hertz. Portanto, essa questão está totalmente
descartada”.
3.
A partir de
quando é possível ter uma imagem do bebê? – “Como as
semanas de gestação são contadas a partir da data da última menstruação, é
possível enxergar o embrião a partir da quinta semana – pelo ultrassom
transvaginal – ou ainda a partir da sexta semana via suprapúbica. É nessa fase
que, apesar de o embrião medir poucos milímetros, podemos identificar e ouvir
seus batimentos cardíacos”.
4.
Existe um
‘número ideal’ de ultrassonografias recomendado às gestantes?
– “Quatro exames
seriam o mínimo necessário durante uma gestação normal. O primeiro exame é muito
útil para confirmar a gestação, identificar o local da implantação e determinar
a idade gestacional. O segundo, também chamado de morfologia do primeiro
trimestre, mede a ‘translucência nucal’. O terceiro exame morfológico confirma a
idade gestacional, avalia o crescimento e, principalmente, a morfologia fetal.
Já o quarto tem o objetivo de avaliar o crescimento, a quantidade de líquido e a
placenta – além de revisar a morfologia. Isso tudo pode ser realizado também no
segundo trimestre, mas existem patologias típicas do terceiro trimestre que
podem levar a alterações de líquido e da placenta. Daí a importância de realizar
um ultrassom nessa fase da gravidez. Vale ressaltar que quem determina os
pedidos de exame é o obstetra da paciente, de acordo com as características da
gestação”.
5.
O que significa
“translucência nucal”? – “Trata-se de um
exame de rastreamento de alterações genéticas (cromossomopatias) como a Síndrome
de Down, por exemplo, em que medimos a região da nuca do bebê. Em bebês que têm
alterações cromossômicas, essa medida pode estar aumentada. Esse exame não tem
finalidade diagnóstica, mas seleciona as pacientes que teriam indicação de
estudo do cariótipo (colhido por punção de vilosidade coriônica ou do líquido
amniótico)”.
6.
Que doenças
podem ser identificadas durante o ultrassom gestacional? – “São inúmeros
tipos de malformações estruturais que podem ser detectados pelo ultrassom. Entre
os mais recorrentes estão a hidrocefalia – que é o acúmulo de fluido
cérebro-espinhal nas cavidades ventriculares do cérebro – e outros distúrbios do
sistema nervoso central, além de alguns tipos de malformações
cardíacas”.
7.
Em que casos o
obstetra costuma solicitar exames mais sofisticados de ultrassom, como Doppler,
3D e 4D? – “O ultrassom com
doppler é indicado para avaliar a circulação da mãe para o bebê e para checar o
fluxo nos vasos internos do bebê. É importante nos casos de diabetes,
hipertensão e retardo de crescimento fetal, por exemplo. Já o ultrassom 3D nos
permite enxergar as estruturas fetais em três dimensões, melhorando muito a
visão da anatomia de superfície, principalmente do rostinho do bebê. Também é
muito útil como complemento do ultrassom convencional em caso de diagnóstico de
malformações. No 4D, além das imagens bastante reais, também é possível
acompanhar os movimentos do bebê.”
8.
Mesmo que todos
os exames solicitados estejam aparentemente normais, é possível que uma criança
nasça com alguma malformação? – “É possível, já
que a sensibilidade ou taxa de detecção do ultrassom gira em torno de 90% na
identificação de malformações estruturais. Além disso, há malformações muito
discretas, de difícil identificação. Por isso, há casos em que há indicação de
um acompanhamento rigoroso, com a realização de exames
complementares”.
9.
O ultrassom pode
identificar a necessidade de intervenções na hora do nascimento do bebê? –
“Sim,
especialmente em casos de cardiopatias e doenças do tórax. Há intervenções que
podem ocorrer inclusive no ambiente intrauterino, como transfusões de sangue,
derivações (ventriculares, renais), punções de líquido amniótico com finalidade
terapêutica, entre outros. Fetos portadores de malformações cardíacas graves
devem nascer em um centro de referência provido de UTI neonatal, cardiologistas
pediátricos e cirurgiões cardíacos, prontos para atender o recém-nascido
cardiopata, dado que desse atendimento depende a sua sobrevida”.
10.
A partir de
quando é possível saber o sexo do bebê? – “Apesar de o
sexo ser definido no momento da concepção, o órgão genital se desenvolve entre
nove e doze semanas de gravidez. Portanto, entre a 14ª e a 16ª semana,
dependendo da posição do bebê, é possível identificar o sexo da criança. Quando
o bebê está sentado sobre as perninhas ou quando está de pernas cruzadas, é mais
difícil a visualização de sua genitália – obrigando os pais a terem um pouco
mais de paciência para obter essa informação”.
Fonte:
Dr. Victor Bunduki,
médico obstetra, responsável pelo setor de Medicina Fetal do CDB
Premium,
em São Paulo – www.cdb.com.br