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sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Exposição “Pintura Ampliada” reúne obras de três artistas cariocas no CCBNB-Fortaleza
O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108) abrirá, na próxima quinta-feira, 22, às 18 horas, a exposição coletiva “Pintura ampliada”, que reúne três artistas cariocas – Álvaro Seixas, Hugo Houayek e Rafael Alonso –, sob a curadoria do também carioca Felipe Scovino. Com entrada franca, a exposição ficará em cartaz até 30 de outubro (horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; aos domingos, de 12h às 18h).
Texto curatorial (por Felipe Scovino)
O diálogo entre as obras expostas nessa mostra não se encontra na sua aparência imediata, mas na transformação simbólica que a pintura sofre na contemporaneidade, isto é, uma constante negociação entre a sua história e os incômodos questionamentos sobre a sua morte (e, portanto, validade) e a sua ligação com meios e técnicas que poderiam vislumbrar novas possibilidades para a sua aparição. Estamos sendo guiados pela experimentação desses artistas e não por uma tentativa fugidia e insípida de se criar uma “nova e radical condição para a pintura”.
A recusa à figuração reúne esse conjunto de obras que procura tratar do lugar sem o apoio de referências externas. Rafael Alonso nos remete à artificialidade de paisagens virtuais ao articular extensos campos de cores sintéticas e luminosas utilizando fitas adesivas. Há uma sensação de reconhecimento de uma paisagem aliada a uma delicada pesquisa sobre a abstração geométrica. A pintura em Alonso não é delimitadora de um espaço ou de fronteiras, mas estabelecimentos de dúvidas, que transmitem um forte sentimento de colisão entre imagem e realidade.
Na Instalação sem título, de Alvaro Seixas, a relação entre a forma como se dá a aparição das obras no espaço e as obras em si não é um mero acaso. Em uma trajetória que remonta a Malevich e a tradição de uma pintura que pensa o seu limite e a concepção de uma ideia de modernidade, o artista nos revela a condição de um estado contemporâneo para a pintura, que no caso dele se faz presente a partir de uma vagueza por meio de uma repetição de imagens já existentes na história da arte. Estamos diante de espessas camadas de tinta que recobrem a superfície revelando ora construções geométricas que guardam semelhanças com a história, ora composições pictóricas que dialogam com formas arquitetônicas. Aparição de vestígios que nos desafiam a buscar um entendimento não na exatidão da representação, mas no que o sensível exprime. Veladuras que, guardadas suas especificidades, criam um diálogo com a mais recente série de trabalhos de Alonso, na qual o artista por meio de inúmeras pinceladas recobre as imagens dos convites de exposição, questionando uma espécie de lugar para a imagem.
Na obra de Houayek, acreditamos ser significativo que seus trabalhos tenham emergido da pintura, e tenham modificado a orientação da mesma. É uma obra, que por se localizar na fronteira entre ser pintura ou escultura, exibe o comportamento dos materiais, originando daí o seu significado. Acentuando o caráter de camuflagem, sua pintura quer a todo momento exibir as idas e vindas entre ideia e imagem, entre imagem e fala. Entendimentos de um mundo por meio das experiências daqueles que legitimam para nós sua presença e que, ao mesmo tempo, nos revela quanto esse tecido de certezas que o constitui é frágil e consistente.
Pintura ampliada não quer afirmar um estado de novidade, mas de negociação entre a pintura e uma ideia de mundo, que pode ser entendida como irônica, vaga, cruel, reticente, mas nunca irrelevante.