Por Marilda Pansonato Pinheiro
Um anúncio no jornal, algumas manifestações, o choro daqueles que, de alguma forma conviveram com o colega. O tempo vai aplacando a dor, enxugando as lágrimas e o nome Leonardo Mendonça Ribeiro Soares se junta na “pedra preta” a tantos outros heróis mortos defendendo a sociedade e o Estado, a quem representam e honram com a própria vida.
Neste momento, cabe uma reflexão do significado da morte prematura, violenta e covarde de mais um Delegado de Polícia do Estado de São Paulo. Mataram, de forma indireta, a sociedade e o Estado, reféns da violência e da insegurança instalada em São Paulo, onde o cidadão permanece encarcerado, vitimizado e preso dentro de sua casa ou trabalho, sem gozar das garantias dadas àqueles que ferem, de morte, os nossos direitos fundamentais e que se refugiam nas normas e lei que lhes asseguram proteção e sensação de impunidade, enquanto nós...
Assassinaram, de forma covarde, um garantidor do Estado Democrático de Direito, representante legal do Estado, operador do Direito e defensor da legalidade. É inversão de valores. Enquanto isso, outros Leonardos vão surgir e a carreira se desfazendo por falta de reconhecimento do próprio Estado. Até porque, se Leonardo não tivesse a polícia no sangue talvez estivesse vivo neste momento. Era vocacionado e apaixonado pela profissão.
A sociedade precisa pedir um basta a essa Política de Segurança equivocada, onde a sensação de insegurança só tem de aumentar em São Paulo. Nenhum cidadão de bem merece morrer desta maneira. Não estou falando apenas pelo Delegado. Choro a morte dele por três vezes: como cidadã, como mãe e como Delegada de Polícia.
Este é um momento de dor, mas, acima disso, de reflexão para que outros Leonardos não paguem com a vida a irresponsabilidade do Estado.
*Marilda Personato Pinheiro é Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP). Se precisar de foto em alta resolução, favor entrar em contato.