Por Iêda Novais*
Após cinco anos de debates internacionais e de trabalho que envolveu especialistas, autoridades, personalidades, organizações e entidades de todo o mundo, foi oficialmente lançada no final de 2010 a ISO 26000, conhecida como a norma da responsabilidade social.
Muito se tem falado sobre responsabilidade social nos últimos anos. No entanto, até este momento, a ISO (International Organization for Standardization) – a mais importante instituição de padronização internacional - não possuía um padrão de referência sobre o que de fato trata e envolve a área, em especial para retratar a relação de empresas e organizações com a sociedade.
A demora na elaboração de uma norma que estabelece um padrão relacionado à responsabilidade social se deve ao fato de ter havido a necessidade de acomodar as mais variadas percepções sobre este novo e abrangente tema, representando toda a diversidade de opiniões reunidas nos cinco continentes.
A ISO 26000 refere-se à responsabilidade social a partir dos seguintes princípios: “A responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive à saúde e bem-estar da sociedade; leve em consideração as expectativas dos stakeholders; esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com normas internacionais de comportamento; e esteja integrada em toda a organização e seja praticada em seus relacionamentos”.
É interessante saber que, diferente de outras normas emitidas pela ISO (como a ISO 9000, que trata da gestão de qualidade, ou a ISO 14000, sobre gestão ambiental), não haverá a emissão de um selo ou certificação ISO 26000. A norma servirá simplesmente como uma referência daquilo que é entendido e compreendido como responsabilidade social no mundo.
A nova norma promove em seu conteúdo uma compilação de regras, normas e orientações já existentes sobre o tema, reunindo as informações mais relevantes e consensuais apuradas ao longo de sua preparação. Ela servirá às empresas e organizações como uma referência sobre a compreensão e utilização das práticas de responsabilidade social voltadas ao crescimento sustentado.
As contribuições do Brasil partiram especialmente de entidades reconhecidas (entre elas a BM&FBovespa, de cujas discussões a BDO teve a oportunidade de participar no início dos debates sobre a nova norma), que apresentaram suas sugestões e participaram dos debates que culminaram com a publicação da ISO 26000.
Com a nova norma, a discussão sobre as ações e iniciativas responsáveis das corporações e organizações passa a contar com um referencial que reduz a subjetividade de sua avaliação e análise. A ISO 26000 vem reforçar, também, o entendimento e o reconhecimento de que a atuação empresarial responsável e sustentável é um quesito obrigatório àqueles que desejam ter seus produtos, serviços ou atividades aceitos, reconhecidos e respeitados pelos exigentes consumidores de nossa economia globalizada.
* Iêda Novais é diretora corporativa da BDO no Brasil, integrante da quinta maior rede do mundo em auditoria, tributos e advisory services.