Hospital das Clínicas recebe 60 casos do tipo por ano
Patologia pouco comentada no Brasil, o câncer de pênis representa, hoje, 2% dos tumores que atingem os homens, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia. Associada a maus hábitos de higiene, a doença é bastante invasiva e alcança índices alarmantes nas regiões norte e nordeste brasileiras, onde chega perto de 10% do total de tumores masculinos. Segundo o urologista Alexandre Crippa, do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saúde, em alguns países subdesenvolvidos a incidência é ainda maior, afetando principalmente homens a partir dos 30 anos.
O Hospital das Clínicas recebe cerca de 60 pacientes com câncer de pênis por ano, de vários estados brasileiros. Desse total, em 80% dos casos há necessidade de amputação do membro. O número é preocupante pela gravidade e complexidade em que os casos chegam até o hospital, todos com urgência cirúrgica.
Os sintomas são facilmente caracterizados, por parecer com uma úlcera e formar feridas na no pênis. É aí que está o perigo. “A maioria dos pacientes não acredita que isso possa ser um câncer e demora a procurar ajuda médica, prejudicando o tratamento e a cura”, informa.
Alexandre Crippa destaca que muitos optam pela automedicação. “O paciente pede ajuda a farmacêuticos e muitas vezes tratam com antibióticos e pomadas, por confundir os sintomas com os de doenças sexualmente transmissíveis. Somente quando a medicação não faz efeito e os sintomas se agravam é que a pessoa procura ajuda médica”, conta.
O urologista sinaliza que a fimose pode ser um fator de risco para a consolidação da doença, pois dificulta a higienização do pênis. “O rapaz que tem fimose sente dificuldades na limpeza e isso faz com que ele sofra agressões químicas. Ao longo do tempo, surgem micro-traumas que podem desencadear o câncer”, alerta.
Doença Invasiva
O tratamento, geralmente, é feito por meio de cirurgia, pois o câncer avança de maneira rápida e causa traumas que somente a intervenção cirúrgica pode reparar a tempo. O especialista acrescenta que, em muitos casos, a doença apresenta-se em estágio avançado, o que torna necessária a amputação total do órgão sexual. Se tratado a tempo, o paciente sofre danos menores, que não o impedirão de ter uma vida sexual ativa.
Segundo Crippa, devido ao seu caráter de mutilação, o diagnóstico precoce é fundamental, pois evita grande parte do sofrimento e seqüelas no paciente. A prevenção do câncer é simples. Basta estar atento à higiene comum, do dia-dia. “É necessária uma limpeza diária com água e sabão e com maior cuidado na região da glande”, completa.