HAC irá assinar convênio com Inca para implantação de Biobanco
Os médicos Francisco Carlos Quevedo (patologista clínico do HAC), dr. José Cláudio Casalli (coordenador do Banco Nacional de Tumores e DNA do Inca) e José Getúlio Martins Segalla (diretor clínico e Pró-reitor de Ensino e Pesquisa do HAC)
Fotos: Bruna Oliveira/ Assessoria de Imprensa HAC
Iniciativa visa manter amostras de material biológico humano por meio de congelamento para realização de pesquisas
O Hospital Amaral Carvalho (HAC) de Jaú é um dos hospitais selecionados para assinar convênio de cooperação técnico-científica com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro. A parceria visa à implantação de uma unidade da Rede Brasileira de Biobancos, que será destinada ao armazenamento de amostras congeladas de material biológico humano. O HAC é um dos 18 hospitais do Brasil selecionados para integrar o projeto. Em São Paulo, apenas o HAC e mais dois centros serão parceiros do Inca na implementação dos bancos de tumores.
O coordenador do Banco Nacional de Tumores e DNA do Inca, dr. José Cláudio Casali da Rocha, esteve na última semana em Jaú para formalizar a participação da instituição antes da assinatura oficial do convênio, que deve ocorrer em agosto deste ano, no Rio de Janeiro. "Esperamos aplicar a experiência que possuímos para que o HAC, que é um centro de referência nacional em oncologia, possa reaplicá-la para outras instituições", disse.
O Biobanco do HAC irá armazenar sangue, fluídos e fragmentos de tumores humanos por tempo indeterminado, retirados após autorização do paciente, durante seu tratamento. A novidade é que as amostras serão guardadas a uma temperatura de -80º, congeladas em nitrogênio líquido. O hospital atualmente mantém material tumoral em blocos de parafina e lâminas. O acervo de mais de trinta anos de tumores cadastrados permite inúmeras pesquisas científicas. Porém, este tipo de conservação desnatura proteínas, o que inviabiliza alguns tipos de estudos.
O congelamento, no entanto, permite que estudos mais modernos sejam aplicados nas amostras, que manterão suas características como se estivessem vivas. "É como se paralisássemos as células do tumor no momento em que foram retiradas do paciente e congeladas. No Biobanco, as amostras ficarão congeladas por dezenas de anos, intactas", explica José Cláudio.
Com o registro das amostras de todos os hospitais que participarão da Rede Biobancos, uma espécie de "biblioteca" tumoral será criada. O conteúdo poderá ser acessado por pesquisadores e profissionais da área oncológica de todo país. "Toda pesquisa gerada a partir desses Biobancos dará oportunidade para que os tratamentos sejam mais individualizados. Poderemos saber, por exemplo, qual remédio será mais eficaz, se a radioterapia será suficiente ou se a cirurgia irá solucionar o problema. Hoje ainda tratamos os tumores de acordo com sua extensão clínica. Imaginamos que no futuro poderemos olhar dentro das células do tumor e ver, mediante analise do material genético, o que dará mais sensibilidade ou resistência ao tratamento. Ou seja, vamos definir o tratamento baseado nas características genéticas daquela pessoa", esclarece dr. José Cláudio.
De acordo com o coordenador, o conceito de Biobancos ainda é novidade. Com a implantação da rede um dos objetivos do Inca é estimular a coleta dos tumores mais prevalentes no país. No entanto, José Cláudio salienta que a instituição terá liberdade para definir quais serão suas prioridades de armazenamento. "Criamos uma estrutura descentralizada, mas, ainda assim, conectada à rede. Cada centro irá armazenar suas amostras e disponibilizar os dados para o restante", explica.
Implantação
O Inca será responsável, prioritariamente, pelo treinamento de pessoal. De acordo com José Cláudio, o Instituto Nacional de Câncer também irá auxiliar na adequação do local e disponibilizar alguns equipamentos, softwares, bolsas e materiais de consumo durante tempo determinado.
A expectativa é que o Biobanco do HAC funcione até o final do ano. "Hoje temos 18 centros que já participam da rede. O Amaral Carvalho foi o primeiro a ser visitado, provavelmente será um dos primeiros a ter o projeto lançado, porque já tem condições para que o início seja imediato", explica.
O local no qual o Biobanco vai funcionar já está praticamente definido pelo HAC. A área de desenvolvimento, projetada há mais de 10 anos, irá abrigar um novo bloco de diagnóstico e anatomia patológic que terá anexo o Banco de Tumores.
Para o médico José Getúlio Martins Segalla, diretor clínico e Pró-reitor de Ensino e Pesquisa do HAC, o Banco de Tumores só vai potencializar o trabalho já desenvolvido na instituição ao longo de 40 anos. "Temos o Registro dos Pacientes, que são os prontuários clínicos, o Registro de Base Populacional de Câncer de Jaú e o Registro Hospitalar de Câncer do HAC. Só faltava o ´registro do nascimento´ do tumor, ou seja, o Registro de Tecido Tumoral. Nós já temos um arquivo no departamento de Patologia com material guardado em parafina dos últimos 30 anos. O Biobanco será mais uma conquista do Amaral Carvalho", diz.
Ainda de acordo com dr. Getúlio, a seleção feita pelo Inca demonstra que mais uma vez a instituição está à frente de um processo nacional de estudo na área oncológica. "Seremos um dos hospitais pioneiros na rede Biobancos. Já temos o título de Hospital de Ensino, temos agora proposta para entrar na Rede Nacional de Pesquisa Clínica. A Rede Biobancos vem somar esses esforços colocando o Amaral Carvalho numa posição de parceiro do Ministério da Saúde, além de ser parceiro da Secretaria Estadual da Saúde no desenvolvimento da oncologia brasileira", conclui.
Dr. Quevedo mostra as amostras de tumores ao coordenador do Banco Nacional de Tumores e DNA do Inca, José Cláudio, ao lado do também médico José Getúlio
Visita ao Laboratório de Anatomia Patológica do HAC