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domingo, 21 de fevereiro de 2010

ENCHENTES E LIXO - AMBIENTE PROPÍCIO PARA DOENÇAS NEGLIGENCIADAS

Dra. Greyce Lousana*
Mudanças climáticas ameaçam causar ainda mais enchentes, deslizamentos, erosões nas áreas costeiras e até tufões no Brasil. Com isso, aumentam os riscos de doenças negligenciadas como leptospirose, febre tifóide, doenças diarréicas agudas e outras, que ainda matam mais de um milhão pessoas por ano no mundo.

Enchentes, falta de saneamento básico, lixo e principalmente a falta de conscientização do povo brasileiro sobre a importância de somar aos seus valores pessoais atitudes de preservação do meio ambiente, que começa em dar o destino adequado ao seu próprio lixo, têm levado o Brasil a lugares de destaque no ranking mundial de vítimas de doenças de países pobres. São as chamadas Doenças Negligenciadas que afetam milhares de pessoas no mundo, principalmente a população carente que não dispõe de tratamentos adequados. De acordo com Organização Mundial de Saúde – OMS – as doenças negligenciadas estão associadas a precárias condições de vida e à pobreza.

Brasileiros expostos ao lixo favorecem o crescimento de doenças tropicais infecciosas como Dengue; Leptospirose (infecção humana transmitida pelo rato de esgoto); Esquistossomose; Leishmaniose (transmitida pela mosca tipo Lutzomia, que provoca lesões cutâneas graves); Doença do Sono (transmitida pela mosca tsé-tsé que provoca inflamação no cérebro); Malária; Mal de Chagas; Tuberculose e outras. É um absurdo que em pleno Século 21 o Brasil esteja entre os países com maior incidência de Tuberculose, junto com a Índia, Bangladesh, Nigéria, Paquistão, Congo e outros. Segundo estimativas da OMS, dois bilhões de pessoas - correspondendo a um terço da população mundial - está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis. Destes, oito milhões desenvolverão a doença e dois milhões morrerão a cada ano.

Apesar de todo conhecimento científico resultante de estudos sobre a biologia e a genética dos agentes causadores destas doenças, não se conseguiu ainda encontrar tratamentos terapêuticos eficazes em escala para as vítimas. Tal fato resulta de políticas públicas insuficientes, pouco interesse mercadológico por parte da Indústria Farmacêutica em pesquisa clínica, pois não vê no público alvo (pacientes com baixo poder aquisitivo) - um mercado lucrativo.

As doenças negligenciadas causam um impacto social e econômico devastador sobre a humanidade, criando um círculo vicioso: a pobreza prolonga as doenças negligenciadas e seu impacto prolonga a pobreza. Portanto, intervenções são necessárias para quebrar esse ciclo. “O grande desafio atual é a Pesquisa Translacional em Doenças Negligenciadas”, afirma a Profa. Dra. Conceição Accetturi - Médica Infectologista, Presidente da Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica (SBPPC) e Diretora Médica da Invitare Pesquisa Clínica Auditoria e Consultoria. “O nosso interesse é transformar os resultados da Pesquisa Clínica em benefícios para a população, através da industrialização de medicamentos mais eficazes que possam ser utilizados pelos pacientes de forma segura e contínua”, conclui.

A Pesquisa Translacional em Doenças Negligenciadas será um dos importantes temas a serem debatidos no XI Encontro Nacional de Profissionais de Pesquisa Clínica, que acontece dia 20/3/10 em São Paulo, promovido e organizado pela SBPPC e INVITARE. O palestrante convidado é o Dr. Mauro Sanches profissional integrado ao PNCT/MS - Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde. Sanches tem uma vasta experiência profissional, tendo trabalhado para o governo americano em missão a países pobres.

(*) Autora: Dra. Greyce Lousana, Bióloga, Mestre em Neurociências, Diretora Executiva Invitare e Presidente Executiva da Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica – SBPPC.
contato@surpress.com.br

NÚMEROS ALARMANTES DAS DOENÇAS NEGLIGENCIADAS

• Um milhão de pessoas morrem por ano no mundo vítimas das doenças negligenciadas, ou seja, 3 mil pessoas morrem por dia no mundo

• O Brasil investe R$ 75 milhões por ano em estudos de novas formas de tratamento para estas doenças, ocupando o sexto lugar no ranking dos países que mais investem no segmento.

• Apenas 5% dos recursos globais para pesquisa e desenvolvimento (P&D) na área de doenças negligenciadas são provenientes de instituições privadas, como as indústrias farmacêuticas. 54% vêm de instituições filantrópicas e 41% de instituições públicas.

• Apenas 1,3% dos medicamentos disponibilizados entre 1975 e 2004 foram para as doenças negligenciadas, apesar de representarem 12% da carga global de doenças. Fonte: Revista Lancet em 2006.

• Presente em 110 países do mundo, a Malária ameaça metade da população mundial. Na África a malária mata uma criança a cada 30 segundos ou cerca de 3.000 crianças todos os dias.

• Estima-se 48 mil mortes por ano de Doença do Sono

• 100 milhões de pessoas estão ameaçados pela doença de Chagas. O Brasil lidera os países endêmicos da América Latina com 23% dos infectados

• A Leishmaniose infecta cerca de 12 milhões de pessoas em 88 países. O Brasil é um dos seis países mais afetados pela doença, sendo responsável por 90% dos novos casos na América Latina. Em 2007 foram registrados 3.505 casos, sendo a maioria em crianças.

• Tuberculose - Afeta 1/3 da população mundial, mata em média dois milhões de pessoas por ano, e 80% dos casos estão concentrados em 22 países em desenvolvimento, inclusive o Brasil.

EVENTO: XI Encontro Nacional de Profissionais de Pesquisa Clínica
Data: 20/3/10 das 08h00 às 18h00
Local: NOVOTEL São Paulo Center Norte, Ava. Zaki Narchi, 500, Vila Guilherme/São Paulo
Claudete / Tuannie