Segunda-feira, 10 de Março de 2008 às 10h00
Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde aponta que as maiores vítimas do abuso sexual são as crianças menores de 12 anos de idade. Elas representam 43% dos 1.926 casos de violência sexual atendidos pelo Programa Bem-Me-Quer, do Hospital Pérola Byinton, em 2007. Neste mesmo ano, foram notificados 517 casos de abuso contra crianças de 12 a 17 anos e outros 563 com vítimas maiores de 18 anos.
Em 2006, as notificações de casos de abuso contra crianças de até 11 anos representaram 42% do total. Em quase 15 anos de trabalho, o Pérola já computou cerca de 9 mil notificações de abuso sexual contra menores de 18 anos.
Os especialistas são unânimes ao afirmar que a grande maioria dos agressores são pessoas próximas à criança e que fazem parte do núcleo familiar da vítima. Pais, padastros, amigos da família e vizinhos são os principais responsáveis pela violência contra crianças e adolescentes.
"Os culpados, geralmente, têm acesso livre à casa e a rotina das vítimas. Os agressores estão muito mais próximos do que a gente imagina", afirma o Dr. Jéferson Drezett, Coordenador do Serviço de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington.
Os pais têm papel importante na prevenção e identificação dos casos de abuso e violência. É preciso estar atento as mudanças comportamentais da criança, sejam elas sociais, familiares ou alimentares e não excluir a possibilidade do filho ser vítima de abuso sexual.
Além disso, é importante desenvolver uma relação de confiança entre pais e filhos e criar um espaço em que os filhos possam se expressar sem medo de punição. Esse tipo de abuso não costuma deixar sinais físicos como prova, por isso, é preciso acreditar nos relatos e queixas dos pequenos.
"Acreditem naquilo que seus filhos dizem. Verbalizar uma situação de abuso já é bastante complicado para um adulto, imagine para uma criança ou um jovem. O fato do agressor ser alguém em quem aquela família confia torna tudo ainda mais difícil. A vítima passa por cima do medo e da vergonha e merece ser acolhida por isso, não punida por 'dizer coisas absurdas' sobre alguém que está acima de qualquer suspeita", diz Drezett.
Assim que a suspeita de abuso for identificada, a criança deve ser encaminhada para um profissional de saúde mental para receber o tratamento necessário. Uma vez confirmada a suspeita, o profissional ou a família devem notificar o Conselho Tutelar sobre o caso para que medidas de proteção sejam tomadas. "O mais importante é ficar atento a mudanças bruscas no comportamento de jovens e crianças e buscar ajuda assim que possível. Essa é a melhor forma de descobrir, realmente, o que está acontecendo, além de resguardar uma possível vítima de abuso e ajudá-la a lidar com a situação", explica o médico.
Bem Me Quer
O Projeto Bem Me Quer faz parte do Ambulatório de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington e é uma parceria entre as secretarias estaduais de Saúde e Segurança Pública. Nele, as vítimas de abuso contam, no mesmo espaço, com uma equipe multidisciplinar capacitada para oferecer ajuda médica e realizar o exame de corpo de delito, simplificando o processo de notificação às autoridades e expondo menos os pacientes.
Alguns sinais nos quais os pais devem ficar atentos:
* Alterações no sono;
* Queda brusca no rendimento escolar;
* A criança volta a fazer xixi na cama ou nas calças;
* Medo inexplicável de ficar sozinho na presença de adultos estranhos ou de algum adulto específico;
* Brincadeiras agressivas com brinquedos ou pequenos animais.
Da Secretaria da Saúde
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