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domingo, 9 de setembro de 2007

Será possível fazer experiências sem sacrificar animais?

Será possível fazer experiências sem sacrificar animais?



Os ativistas pelos direitos dos animais afirmam que os humanos não têm o direito de infectar, intoxicar ou fazer cirurgias em bichos.

No Brasil, esse movimento também ganha uma força cada vez maior.

No Rio de Janeiro, a Câmara Municipal aprovou um projeto de lei, de autoria do vereador e ator Claudio Cavalcanti (PFL), que proíbe o uso de animais em pesquisas científicas. O Projeto foi vetado pelo prefeito Cesar Maia, mas voltará às mãos dos vereadores. Eles decidirão pela manutenção ou retirada do veto. A possibilidade de interrupção das pesquisas com animais, causou temor na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma das principais entidades de pesquisa biomédica do país.

"Espero que um dia possamos eliminar os experimentos com animais", diz o veterinário Carlos Müller, chefe do Centro de Experimentação Animal da Instituição.

Sob pressão das ONG'S, a união Européia aprovou o banimento dos testes de cosméticos em animais. As empresas européias podem se adequar até 2009. No Brasil, a Natura, uma das maiores indústrias de cosméticos do país, segue as diretrizes européias e desde 2003 deixou de testar seus produtos acabados em animais. Alguns dos componentes isolados dos cosméticos ainda são testados em bichos. Mas a indústria selou o compromisso de abolir esses experimentos até o fim de 2006. "Estamos desenvolvendo uma reconstituição de pele humana para testar se as substâncias causam irritação", afirma Jean-Luc Gesztesi, cientista responsável pela área de tecnologia em pele na Natura.

A cultura de células humanas em laboratório tem sido uma das principais alternativas adotadas pelos pesquisadores para poupar os animais.

E não apenas no caso dos cosméticos. Estudos iniciais sugerem que é possível analisar em laboratório se as células do fígado são atacadas por determinadas substâncias. Companhias farmacêuticas, como a Pfizer, começam a investir nessa linha de pesquisa. De acordo com a empresa, as células humanas utilizadas nas culturas teriam sido removidas acidentalmente em cirurgias.

Outra alternativa aos testes com animais, sobretudo no ensino, são os modelos em computador. O uso de animais vivos na formação de profissionais da saúde - a vivissecção em seu sentido original, ocorre quando futuros médicos, biólogos e veterinários abrem o corpo dos bichos e repetem experimentos conhecidos para ter um aprendizado visual. "Em softwares, é possível ver os sistemas do corpo humano, simular reações de camundongos a drogas e até fazer experimentos psicológicos", diz o biólogo Sergio Greif, autor do livro Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação.

Apesar dos esforços para poupar animais em todo o mundo, uma nova lei aprovada na Europa deve aumentar o uso de cobaias, que com a nova medida, sacrificará anualmente uma média de 5 milhões de cobaias no continente.

Os modelos em computador é uma alternativa que desponta, mas tem limitações. De acordo com cientistas, eles ainda são pouco eficazes quando o objetivo é prever como uma droga ou vacina funcionará no corpo humano.

A medicina é cheia de casos de drogas perigosas, aprovadas para uso em humanos porque se mostraram inofensivas aos bichos. O exemplo mais conhecido é a talidomida, calmante retirado de circulação nos anos 60 depois de ter provocado deformações em milhares de fetos. O remédio, receitado para amenizar enjôos na gravidez, havia sido testado em camundongos sem causar danos. Países como os Estados Unidos nunca chegaram a permitir que a droga entrasse no mercado, pois testes em outros animais mostraram alguns efeitos nocivos.

Em alguns casos o organismo dos animais não é adequado para reproduzir o que acontece nos humanos. "O único modelo perfeito é o homem. Testes em animais às vezes falham. Cabe à ciência produzir inovações tecnológicas que evitem, quando possível os experimentos em animais. Até o dia em que um programa de computador consiga detalhar toda a riqueza de um organismo vivo.



Fonte de Pesquisa:

Revista Época - Trechos da Matéria publicada em 24/07/2006 - Pág. 64

www.epoca.com.br

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